Ruas de Fortaleza,
Ceará. Hoje era para ser um dia normal, pegar minha comida no mercado, andar no
meu carro e tal, mas todo plano tem seu imprevisto. Acordo com areia em meu
rosto, levanto e começo a caminhar. Agora vagando pela praia sem saber onde estou
ou como cheguei até aqui, só lembro-me de um clarão e um disparo. Queria saber
como vim parar nesse lugar. E essa dor de cabeça? Que mais parece uma ressaca
depois de uma noite na balada. Nunca senti meu corpo dessa maneira leve e ao
mesmo tempo, como se tivesse machucado, além dessa dor de cabeça que não passa.
Aproximo-me de um
vilarejo, pelo menos é o que aparenta ser. – Oi, alguém aí? – silêncio... Ecoa
a voz no lugar vazio. Droga, que coisa mais estranha uma vila sem moradores.
- Arthur... – uma
voz alarmente em minha mente ecoa forte. – Arthur... – sinto como se tivesse
ficado preso em um lugar onde nada faz sentido, como se o mundo tivesse acabado
e eu fosse o único sobrevivente.
- Arthur, volta pra
sua família – acordo em uma maca, cheio de fios e agulhas em meu corpo.
- Mãe o que
aconteceu? – pergunto de forma histérica.
- Filho você foi
baleado na cabeça durante um assalto há 2 meses, você não lembra?
- Não me lembro de assalto nenhum mãe.
– Respondo de forma suave e sucinta. No dia seguinte volto para casa sem
maiores sequelas, decorrentes do tiro que tomei, os médicos falaram que foi
algo jamais visto como a bala se alojou em meu crânio, como se estivesse batido
em uma parede e suavizado o máximo possível o impacto.
Após alguns dias algo
havia mudado, sentia dores de cabeças frequentes e formigamentos por todo o meu
corpo, eu pensava que estava em estado de definhamento e andava a cada dia mais
estressado. Em uma segunda-feira pela tarde, estava tudo normal meu corpo se
encontrava mais sereno e não sentia nenhum estímulo diferente, em um momento
era como se tudo o que tinha ocorrido não tivesse realmente acontecido. Pouco
tempo antes do sol se por, sinto uma sensação em meus olhos, era como se eles
quisessem saltar do meu rosto. Tudo parecia está em cor de sangue, minha
pulsação começou acelerar e agora meu corpo se encontrava quente, e eu sabia
que algo estava mudando rapidamente, corri para o banheiro e liguei o chuveiro
em uma tentativa de baixar esse calor no meu corpo, minha pele adquiriu uma
tonalidade vermelha, devido aumento dos batimentos cárdicos e a dilatação dos
meus vasos sanguíneos, sentia que não podia mais...
- Ah! Que droga...
Não aguento mais – Gritei de forma que meu corpo começou a tremer.
Eu sabia que algo
estava para acontecer, em um instante minhas pupilas dilataram e sentia uma
pontada muito grande em minha cabeça, poucos segundos após tudo o que era de
vidro começou a se estilhaçar, como um passe de mágica. Observei meu corpo e
era como se vapores estivessem saindo de todos os poros de cada parte dele e
tomando direções para todos os lados. Formou-se uma grande nuvem desses
vapores, quando vi já estava atingindo a parede do meu banheiro, abrindo um
buraco na parede de maneira que não consegui explicar esse fenômeno.
Não conseguia
compreender nada do que estava acontecendo, fiquei apavorado sai correndo pela
janela e não conseguia pensar em nada, ficava cada vez mais difícil respirar.
Entrei correndo em uma rua estreita e cheia de lixo, não conseguia pensar em
mais nada, vi um rato perto de um bueiro, no momento em que eu foquei nele, ele
explodiu de forma exponencial e vi cada partícula de seu corpo se estraçalhar
no ar. Não sabia realmente o que diabos ocorria, sabia que não era normal, isso
eu tinha absoluta certeza. Desde o dia que fui assaltado, meu corpo mudava numa
velocidade assustadora, parecia que ele passava por uma adolescência em curto espaço
de tempo. Subo em uma rua em direção ao subúrbio da cidade, não consigo mais
pensar em uma direção ou até mesmo para onde estou indo. Um som estridente
invade minha consciência e uma dor que jamais experimentei destroça meu corpo e
minha cabeça, como se agulhas estivesse o espetando, já muito abalado devido
aos acontecimentos, paro de correr e sinto meus batimentos diminuírem, mas esse
som não para, alguém com mão fria toca em minha testa.
– Tenha bons sonhos.
– Sussurrou uma voz em meu ouvindo.
Em pouco tempo
sinto como se meu corpo estivesse sendo paralisado com uma espécie de corrente
elétrica.
– Não consigo,
mas... Quem é você? Responda-me, por favor! – Suplico.
Comentários:
Postar um comentário