O Assassino da Face de Anjo #1

Postado por Ayrton Senna em sexta-feira, 3 de maio de 2013 às 08:44
Uma noite normal na delegacia, eu de porre, curtindo meu Scott 12 anos, tudo estava calmo para um distrito policial. Sem nenhum movimento ou qualquer ocorrência para ser realizada na minha pequena cidade do oeste da Guiana Francesa, na cidade de Judith. Bem típico daqui, ainda que seja uma cidade no litoral com mais ou menos 35 mil habitantes, uma cidade pacata com muitos turistas franceses aproveitando suas férias, um lugar bastante cordial para pessoas que pretendem se divertir sem passar por momentos difíceis. Já estava pensando em dormir quando lembrei que teria que terminar o relatório do suicídio da senhora La’cult. Uma senhora que foi encontrada em uma igreja com seu rosto desfigurado. Uma investigação difícil, já que tínhamos certeza de que se tratava de um homicídio, uma vez que seria pouco provável a própria senhora desfigurar seu rosto de maneira tão macabra em uma igreja, principalmente. Os relatórios da perícia foram bastante contundentes para o suicídio, foram avaliados os respingos do sangue da vítima, ângulos do corte e o exame toxicológico encontrou uma quantidade interessante de Diazepan, uma droga muito utilizada para tratamento de pessoas que tem insônia e problemas relacionados à depressão leve.

Todos os membros do laboratório da perícia se empenharam ao máximo nesta investigação. Ainda bem que a parte difícil fica com eles, nós só temos que colocar no papel para o pessoal da corregedoria e suas malditas estatísticas. Pensando bem, sempre gostei dessa parte fácil, antes de virar delegado trabalhei um pouco na rua, depois foi para corregedoria e finalmente delegado. Tudo muito rápido e já estou no cargo acho que a uns 20 anos, sem nada muito sério para fazer. Voltando ao caso da senhora La’cult observei umas características que me deixaram sem saber o que de fato teria ocorrido na cena do crime. O modo como o corpo estava, olhei o relatório sobre os cortes da vítima e ficou claro que indicava que a mesma fez aquelas perfurações e arranhões. Os cortes que foram encontrados na vítima tinham profundidades diferentes, talvez pela perda da consciência gradativa por conta do sangramento intenso. Foram encontrados perfurações nas mãos de forma que era visível o outro lado, como as chagas de Cristo. Era intensa a imagem, o que me chamou mais a atenção foi como o rosto teria ficado daquela forma sem ter uma segunda pessoal no local.  Minha assistente Bárbara achou que fosse um crime com uma impressão, onde o assassino quer passar uma mensagem, uma informação. Isso tudo foi muito pensado por nós, mas descartado com achegada dos dados da perícia. A população da cidade ficou bastante satisfeita e tranquila pela resolução desse caso.
Devo admitir que os problemas que acompanharam esse crime foram de grande impacto para população, todos estavam em uma espécie de transe, todos não acreditavam como aquilo teria ocorrido em uma cidade tão calma e pacífica. Acredito que nosso trabalho para desvendar e colocar um ponto final nesse suicídio, teve um efeito positivo na população e em poucos dias a paz voltou a reinar na cidade.


– Carther, rápido venha ver isso! – Bárbara aparece na minha porta de maneira ofegante e atrapalhada. Como se tivesse alguma informação que não pudesse esperar para ser dita. Fiquei bastante curioso com o fato dela ainda estar com uma impressão de assustada e para assustar essa garota deve ser muito pesado mesmo, ela é faixa preta em karatê e rainha do autocontrole.
 – Qual o problema Barbie? – Sempre a chamo assim quando quero irrita-la, não consigo resistir.
– O assassinato da igreja... Apareceu uma nova... – Barbie falava como se o mundo tivesse a beira de um colapso, ela não conseguia falar uma frase com sentido. – Apareceu um corpo de uma mulher com as mesmas características do suicídio da igreja.
– Onde foi isso, droga? – Pergunto de forma descontrolada e já tirando meu copo de Scott 12 anos na mesa.
– Na adega Velmont no caminho da colina – Ela anuncia ainda em estado de choque.
            Desesperada, a moça ainda estava sob o efeito da adrenalina da notícia, imagino eu que pelo fato da mesma ter apostado em uma pessoa na cena do 1° crime. A adega Velmont era uma fábrica desativada, pois o nosso país não é um bom produtor de uvas destinadas para fabricação de bons espumantes e vinhos gourmet. 
            – Rápido acione todos e o pessoal da forense. Quero todos na cena do crime.
            – Já fiz isso só faltava te informar.
            Após essa conversa fomos o mais rápido possível para adega, encontramos alguns policias que já estavam lá e nos informaram como descobriram o corpo da senhora. Ainda estava em estado de alerta máximo com o primeiro caso que aconteceu, sentia cada vez mais uma trama a se desenvolver de um modo que jamais entenderei. Acho que pela minha experiência com crimes e anos de trabalho te dão um bom fundamento no desenrolar das situações críticas. Confio em meus extintos desde quando comecei nesse trabalho, mas nunca teria desconfiado de como uma situação isolada poderia se tornar tão problemática. Todos acreditam que por mais que um crime seja banal não imprime nenhuma impressão ou marca, lembro-me de quando sentia vontade de matar, sem nenhuma razão, esses desgraçados que fazem o que bem entendem, só para suprir suas necessidades malditas. O local do crime se encontrava de modo assustadoramente igual ao da primeira, como poderia imaginar que uma situação tão peculiar poderia se tornar um caso tão macabro.
        – Barbie corra aqui, observe essas marcas. – Indico como os cortes se encontravam diferentes dessa vez – As marcas dos cortes estão na perpendicular ao invés da transversal.
         – Será que isso foi uma imitação? – Ela fala irritada como se alguém a estivesse sacaneando.
Próxima
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2 Comentários:

Jeane Noronha disse...

Parabéns pela produção, meu amigo!

Ayrton disse...

Brigado!!!!

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